ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 11-11-2003.
Aos onze dias do mês de novembro de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quinze horas e doze minutos, constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão,
destinada a homenagear o Dia Nacional da Polônia, nos termos do Requerimento n°
167/03 (Processo n° 4647/03), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram
a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; os Senhores Ignácio José Kornowski e Odila Arpini Kornowski,
representantes da Sociedade Polônia; a Senhora Longina Konat, Presidenta do
Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia; o Desembargador Wilson Carlos
Rodycz, Presidente da Fundação Polônia; o Coronel Irani Siqueira, representante
do Comando Militar do Sul; o Vereador Isaac Ainhorn, na ocasião, Secretário “ad
hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a
execução dos Hinos Nacionais Polonês e Brasileiro, executados pela Fanfarra do
Comando Militar Sul, sob a regência do Sargento Sílvio e, em continuidade,
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PP e PPS, destacou que a comunidade
polonesa no Estado tem dado exemplos de gestos de integração comunitária e amor
à pátria e agradeceu à Fanfarra do Comando Militar Sul pela disponibilidade de
comparecimento em eventos. Também, lembrou o fato do Papa João Paulo II ser
polonês, felicitando personalidades mundiais dessa mesma origem e apontando a
Polônia como símbolo de liberdade. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da
Bancada do PSDB, mencionou o discurso do Vereador Isaac Ainhorn nesta homenagem
como ponto de melhor compreensão das peculiaridades da nação polonesa,
discorrendo sobre as dificuldades enfrentadas ao longo da história daquele
país. Nesse sentido, relatou filmes poloneses a que sua Excelência assistiu há
anos em Porto Alegre, traçando um comparativo entre o enredo dos filmes e o
contexto histórico da época na Polônia. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da
Bancada do PFL, historiou a imigração polonesa para o Brasil, a qual teve
início em mil oitocentos e sessenta e nove, e o desenvolvimento da comunidade
polonesa nacional. Nesse sentido, pronunciou-se a respeito do desenvolvimento e
das dificuldades enfrentadas pela Polônia ao longo de sua história e enalteceu
a influência da permanência de imigrantes poloneses no Estado do Rio Grande do
Sul. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, exaltou a
importância da comemoração desta data, a fim de que a comunidade polonesa possa
rememorar suas lutas e conquistas e salientou os municípios fundados por
imigrantes poloneses, como contribuição para o desenvolvimento do País. Também,
relembrou ocasião de entrega de Prêmio Nobel da Paz, quando não foi escolhido o
Papa João Paulo II, contestando essa decisão. O Vereador Sebastião Melo, em
nome da Bancada do PMDB, saudou a iniciativa desta homenagem do Vereador Isaac
Ainhorn, louvando a Sociedade Polônia de Porto Alegre e recordando a trajetória
de luta do povo polonês ao longo dos anos. Ainda, teceu considerações a
respeito da história da Polônia, enfocando a religiosidade e o nacionalismo
como traços marcantes no povo polonês. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Senhor Ignácio José Kornowski, que destacou a importância da
homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Dia Nacional
da Polônia. Na ocasião, houve apresentação de música e dança polonesas,
interpretados pelos Senhores Maurício da Silva e Bárbara Fernandes. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem
o Hino Rio-Grandense, executado pela Fanfarra do Comando Militar Sul, sob a
regência do Sargento Sílvio e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença
de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e trinta e seis
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio
Dib e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário "ad
hoc". Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): Estão
abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia
Nacional da Polônia. Compõem a Mesa: o Senhor Ignácio José Kornowski,
Presidente da Sociedade Polônia, e a Senhora Odila Arpini Kornowski; Senhora
Longina Konat, Presidenta do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia; o
Desembargador Wilson Carlos Rodycz, Presidente da Fundação Polônia; e o Coronel
Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul.
A proponente desta homenagem é a Câmara Municipal, lembrada
pelo Ver. Isaac Ainhorn a sua realização.
A Data Nacional da Polônia é marcada por Lei no Município de
Porto Alegre.
Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos a
execução do Hino da Polônia e do Hino Nacional, executados pela Fanfarra do
Comando Militar do Sul, do III Regimento, sob a regência do Sargento Sílvio.
(Executam-se o Hino da Polônia e o Hino Nacional
Brasileiro.)
Antes de passar a palavra ao requerente desta Sessão, Ver.
Isaac Ainhorn, eu gostaria de ler duas frases, com cem anos de diferença entre
uma e outra, mas que dizem a mesma coisa sobre a Polônia e o seu povo. A
primeira é do Honoré de Balzac, que diz o seguinte (Lê.): “Introduzam dez por
cento de sonsice inglesa no caráter polonês, tão franco, tão aberto; e a
generosa águia branca reinaria hoje por toda parte aonde se introduz a águia
das duas cabeças. Um pouco de maquiavelismo teria impedido a Polônia de salvar
a Áustria que a partilhou, de contrair empréstimo com a Prússia, sua usuária,
que a minou, e de se dividir no momento da sua primeira partilha. No batismo da
Polônia, uma fada Carabosse, esquecida pelos gênios que dotaram essa nação
sedutora das mais brilhantes qualidades, surgiu, sem dúvida, para dizer-lhe:
‘Guarda todos os dons com que minhas irmãs te cumularam, mas nunca saberás o
que queres’.”
Cem anos depois, Wiston Churchill dizia (Lê.): “Há poucas
virtudes que os poloneses não possuam e poucos erros que eles tenham evitado”.
Disso se depreende que, da bondade do povo polonês, muito bem expressada na
figura de João Paulo II, muitas coisas desagradáveis aconteceram ao povo
polonês e para a sua pátria, porque, realmente, eles são bons, eles são
acolhedores e, às vezes, a bondade faz mal para quem a pratica. Mas é sempre
muito bom usar de bondade, até com os inimigos, se a gente os tiver.
Mas quem vai falar e fazer a homenagem pela Casa, em
primeiro lugar, é o proponente desta Sessão, Ver. Isaac Ainhorn. O Ver. Isaac
Ainhorn está com a palavra.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta
Casa Ver. João Antonio Dib; Sr. Presidente da Sociedade Polônia Ignácio José
Kornowski e sua esposa Odila Arpini Kornowski; minha cara Presidenta do
Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia Sra. Longina Konat, nossa Presidenta
sempre presente, marcando com a sua personalidade forte a sua presença
permanente nos atos comemorativos e alusivos às homenagens à Polônia; Exmo. Sr.
Presidente da Fundação Polônia Desembargador Wilson Carlos Rodycz, com quem
temos tido a honra de privar em alguns momentos e que tem participado
ativamente também dos movimentos; meu caro Cel. Irani Siqueira, que representa,
nesta oportunidade, o Comando Militar do Sul; nomino aqui, também, a presença
ilustre dos colegas Ver. Elói Guimarães e Ver. Cláudio Sebenelo e gostaria
também de, neste momento, me referir à figura do Mariano Hossa, que, juntamente
com outros tantos dirigentes, tem sido um batalhador incansável da Sociedade
Polônia e da comunidade polonesa.
A comunidade polonesa aqui no nosso Estado tem dado belos
exemplos e feito muitos gestos de integração comunitária e de profundo amor à
pátria distante, à terra distante.
Antes de iniciar as minhas reflexões por ocasião desta data,
gostaria de fazer um agradecimento especial à Banda, à Fanfarra do Regimento
Osório, do RCG, que sempre tem sido incansável em se colocar à disposição das
atividades desta Casa, e a presteza com que o Cel. Irani Siqueira, na condição
de Relações Públicas do Comando Militar do Sul, busca fazer a integração,
porque a música é a linguagem da comunicação, e ninguém melhor, ninguém mais
apropriado do que o povo polonês, do que a terra de Chopin para avaliar o quão
importante é a música como instrumento e elo de integração entre os povos.
Hoje, nós assistimos aqui - vejam Vossas Excelências, nossos
convidados - à primeira execução do Hino Nacional da Polônia feita por essa
banda altamente qualificada do ponto de vista da musicalidade. Eles ensaiaram
apenas durante um dia a execução desse Hino, e os senhores viram a beleza da
execução.
Eu observava a fisionomia e o acompanhamento de alguns
integrantes dessa comunidade ao Hino Nacional da Polônia e ao Hino Nacional
Brasileiro, assim como fazia, alguns dias atrás, quando o nosso Mariano Hossa,
na Sociedade Polônia, cantava o Parabéns em polonês, e, com a sua voz grave e
forte, a todos encantava.
Hoje, contamos com a presença dessa banda que já recebeu
vários prêmios nacionais e na América Latina como banda militar; portanto, os
nossos agradecimentos pelo papel que aqui ocupou, dando um toque de
diferenciação. Temos, aqui ao lado, uma exposição de cartazes vindos da
Polônia. Convidaríamos a todos para que ali chegassem depois da Sessão - alguns
já conhecem -, pois é importante que a Casa do Legislativo de Porto Alegre, a
representação popular, abra o espaço para as mais diversas comunidades e etnias
radicadas em solo rio-grandense e em solo porto-alegrense.
Aqui, felizmente, o século XX desmistificou, acabou com o
preconceito de que nós não poderíamos ser fiéis ao assumirmos a condição de
dupla nacionalidade. O mundo mudou e estabeleceu novos padrões de identidade.
Nós somos brasileiros e nem por isso somos menos poloneses, ou menos
brasileiros e israelitas, ou menos brasileiros e italianos, ou menos
brasileiros e alemães. Hoje, o mundo mudou nessa avaliação, nessa compreensão,
e quanto é importante, do ponto de vista civilizatório, essas identidades que
buscam as nossas raízes! E o Brasil deu o exemplo disso, porque o Brasil é um
país cujo perfil é de se constituir num dos mais extraordinários exemplos de
cadinho racial. Ele está dando lições para o mundo nesse sentido. E não é por
acaso, quando o Santo Padre – eu digo Santo com uma forte entonação, porque
Karol Wojtyla, o Papa João Paulo, é uma figura carismática - muito se aproximou
do Rio Grande, do Brasil. O Brasil tem uma marca tão forte, não só por ser um
país católico, mas pelo carinho e acolhida que deu quando ele, por duas vezes,
esteve aqui. O Papa tem uma cabeça extraordinária e, apesar da moléstia que o
acomete, ele sempre se lembra do Rio Grande e que o Rio Grande é gaúcho. O Ver.
Elói Guimarães, que já era Vereador, recepcionou o Papa, em nome do
Legislativo, e havia uma brincadeira: “Ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho!”
Então esse homem - só por isso, só por essa contribuição tão recente e pelo
papel que esse polonês realizou pela humanidade nos últimos anos e nas últimas
décadas - vai ser uma marca perene na história da civilização. Não quero
diminuir nem fazer paralelos entre uns e outros Papas, mas que o seu Papado é
uma marca diferenciada na construção de uma sociedade humana, internacional,
baseada no amor, no carinho, na solidariedade, na tolerância e nos exemplos por
ele a nós transmitidos, é uma marca que emociona a todos, independentemente das
nossas convicções religiosas. É uma marca diferenciada. E como nós temos esse
bairrismo, essa identidade, nos orgulha muito - e, certamente, a cada um dos
cidadãos e cidadãs de etnia polonesa -, ver e assistir a esse homem, esse
polonês no Papado honrando e dignificando não só o povo polonês mas a
humanidade como um todo. E que soube na dor, na violência, frente a ela, reagir
com tanta grandeza e tanta dignidade.
A Polônia diz muito para a civilização. Nós estamos aqui
exatamente, no 11 de novembro, comemorando a data da Independência da Polônia,
em 1918.
Ver. João Antonio Dib,
meus caros Vereadores, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, que também vêm
prestigiar este ato, a Polônia é um exemplo permanente para todos nós de luta
incessante pela liberdade, e cujo símbolo - eu sempre repito e repiso essa
condição -, cujo símbolo maior é a figura de Frederico Chopin, quando deixa a
Polônia, e aquele extraordinário gesto de guardar um pouco da terra polonesa
como símbolo do amor que ele tinha à Polônia. E isso observamos hoje nos
descendentes dos poloneses. O Rio Grande se orgulha da presença polonesa, aqui,
nas cidades como Guarani das Missões, de onde o seu Presidente é oriundo, de
Encruzilhada, de Dom Feliciano, de Mariana Pimental; e das contribuições de
homens extraordinários. E eu cito uma pessoa que é um dos responsáveis por este
Dia Nacional da Polônia que comemoramos, por força de Lei, anualmente, aqui,
que é o Prefeito Paulo Ziulkoski, de Marina Pimentel, que na sua humildade, na
sua sobriedade, tem tido um papel tão importante, do ponto de vista da
integração dos Municípios brasileiros e na luta do municipalismo. Todos nós
identificamos hoje na figura do Prefeito Paulo Ziulkoski, e ele expressa essa
identidade, essa assunção da identidade polonesa e brasileira. Tivemos homem
que transita hoje pelas grandes representações da república brasileira.
Há poucos meses, eu e o Ver. Danéris representávamos esta
Casa no Encontro de Municípios, e as duas figuras mais importantes no Encontro
Nacional dos Municípios Brasileiros eram o Presidente da República Brasileira,
Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, e o jovem descendente polonês Paulo Ziulkoski,
realizado em Brasília.
Por isso, eu aqui deixo registrada a importância que tem
esse Dia Nacional da Polônia, e o registro que nós procuramos manter, por força
dessa Lei que criamos em 1999, e que por quatro anos consecutivos temos aqui
realizado as homenagens. E antes da Lei já tínhamos realizado outras
homenagens. Isso gera uma integração muito grande. Estamos fazendo um trabalho
original que está se constituindo num trabalho de natureza pioneira. E hoje
vários municípios, onde a presença polonesa é marcante, têm-nos solicitado a
cópia da Lei para criarem em seus municípios o Dia Nacional da Polônia, onde a
comunidade polonesa é muito forte, tanto do Paraná, como do Rio Grande do Sul.
E isso nós estamos fazendo com muito prazer.
Agora mesmo, e é positivo, não foi na mesma data - no dia 11
de novembro, que entendemos historicamente ser a data mais importante da
Polônia -, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul elegeu também um dia
para prestar, anualmente, uma homenagem à Polônia.
Mas o crédito, Sr. Presidente, de todo esse trabalho é da
comunidade polonesa de Porto Alegre radicada lá no 4º Distrito, que tem a sua
base, fundamentalmente, com a sua Igreja, com a sua sociedade. É a comunidade
polonesa e a Sociedade Polônia, já com mais de 100 anos de existência - estou
dizendo 100 para não errar, Presidente, porque me parece que são 107 -, depois
de uma revisão histórica, e com um acervo de documentos da história e da
presença da comunidade polonesa, que é exemplo para qualquer outra comunidade
ou etnia que para cá migrou no século passado ou nesse século.
Portanto, a Sociedade Polônia tem sido uma referência de
contribuição à história de Porto Alegre, à integração deste Legislativo com a
comunidade polonesa, dando um exemplo extraordinário de integração. Por isso,
por ocasião dessa solenidade, nós agrademos a toda a comunidade polonesa pelo
que tem feito e pelo que tem dado de contribuição tanto de exemplos na sua
história, como intelectuais, por diversas figuras da comunidade polonesa, seja
na política, no magistério, na pesquisa científica, na física, na química e,
sobretudo, na arte das artes: na música, na qual a predileção dessa comunidade,
desse povo pela música é singular. E vez ou outra, nós temos aqui a comunidade
polonesa, a Sociedade Polônia estimulando o aprendizado da dança, como vamos
ver daqui a pouco, da música e, sobretudo, do instrumento dos instrumentos da
música: o piano. Por isso, saudamos a comunidade polonesa, saudamos a Sociedade
Polônia nessa oportunidade e saudamos o 11 de novembro, Dia Nacional da
Polônia! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): O
Dia Nacional da Polônia foi instituído em Porto Alegre pela Lei nº 8.353, de 1º
de outubro de 1999, e é comemorado anualmente no dia 11 de novembro, como já
citou o Ver. Isaac Ainhorn.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Quando eu olho cada um de vocês, eu identifico uma tribo dos pollack, e eu gosto muito de falar com
as pessoas a respeito do papel que fazem no mundo, de qual a sua contribuição
para a cultura, para a melhora da qualidade de vida, para a melhora das
relações sociais entre os seres humanos. E o brilho do discurso do Ver. Isaac
Ainhorn, certamente, se não esgota o tema, faz com que nós entendamos o que é a
Polônia, o que foi a Polônia na nossa história, o que foi a Polônia na sua
identidade como um povo pesqueiro no mar Báltico, como um povo oprimido
geograficamente pela União Soviética, pela Alemanha Oriental, pelas questões de
geopolítica, pelo comunismo, que, num país católico, prendeu por tantos anos e
quase levou ao sacrifício a vida do Prelado Wichinski, uma das maiores figuras
da Polônia, representante da resistência polonesa, da resistência ao
autoritarismo e à tentativa de aniquilar, no país, o processo católico, quando
95% do povo polonês era católico.
Mas eu gostaria de falar para vocês de duas experiências
pessoais, de um lado totalmente diferente do que foi falado aqui, que é a
questão do cinema. É uma questão da arte também.
Há 30 ou 40 anos, eu vi um filme aqui em Porto Alegre
chamado A Faca na Água. A Faca na Água é um dos filmes mais brilhantes de Roman
Polansky na sua produção polonesa. Era uma produção em preto e branco, de uma
fotografia magistral, e refletia a história de um comentarista esportivo que
sai pelo mar Báltico a passear com sua linda esposa e sofre a concorrência de
um jovem de bela compleição física e que tinha destreza no uso de uma pequena
faca. Ele se mostrava um artista com essa faca, numa velocidade fantástica,
ficando a faca entre os dedos, contra a madeira debaixo da mão. E aí, então,
nós vemos as relações de um homem poderoso, de um homem que era uma figura imensa
na Polônia, no rádio, de grande cartaz, um jovem menino crescendo. Essa é a
fotografia de uma Polônia também crescente, depois das crises de 45, também de
extrema ânsia pela liberdade. Por fim, aparecia essa mesma Polônia, que
representa esse menino, e o grande poder opressor do mundo comunista em volta
da Polônia, que cobiçava a Polônia, os poloneses, a sua arte, a sua cultura,
mas também a saída pelo mar Báltico, no norte do País.
Outro filme maravilhoso que eu vi se chamava Cozara,
Montanha Heróica. Ali se vê a saga, a busca da liberdade de um povo e a morte
do herói na repressão a um ataque a essa montanha, que significava a sua
chegada ao topo, à liberdade e à vitória. Eles perdem, e a Polônia fica
oprimida até 1945.
Essa pequena história, atrás duma extraordinária
filmografia, depois de Polansky, que vem para Hollywood, e então faz o genial
criador de “Bebê de Rosimery”, mostra-nos o que há por trás desse povo
fantástico, magnífico, acolhedor, integrado. Na Av. Polônia, bem pertinho, há a
Sociedade Polônia, na Av. São Pedro, e lá nós vemos um festival de cores, de
festas, de tradições e de culinária polonesa, e aí nós entendemos o que é a
cultura da Polônia, o que é esse País fantástico, esse monumento a Fênix, que
ressurge das cinzas, que sai da opressão e que volta para o mundo, controlando
suas crises e mostrando...Eu queria lembrar assim, por último, em meu discurso,
a figura que para nós foi emblemática pelo Movimento Sindical, Lech Walesa. É
por isso que nós achamos que os poloneses que estão aqui, os seus filhos, os já
poloneses brasileiros mostram assim o quanto se pode fazer em termos de
integração, o quanto se pode melhorar nas relações humanas e o que significa
para nós a paz, o que significa a presença dos poloneses no Rio Grande do Sul e
em Porto Alegre, como fator de progresso e principalmente de entendimento dessa
espécie hominis que está precisando
muito do exemplo polonês. Parabéns a essa etnia que veio para cá enfeitar o
nosso País. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo. Ver. João Antonio
Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Desde logo, agradeço ao Ver. Elói
Guimarães que me permitiu, com a inversão do tempo, que eu fizesse, em nome do
PFL, uma saudação à comunidade polonesa, exatamente neste dia tão festejado por
todos eles.
Ocorre que desde 1869, ano considerado como início da
imigração polonesa no Brasil, que os poloneses e seus descendentes enfrentando,
não raro, inúmeras dificuldades, amalgamam-se na sociedade brasileira e nela
penetram.
O Brasil que foi escolhido porque apresentava as melhores
condições de assentamento àquele povo, e, como a grande maioria era formada por
agricultores, vieram aqui e encontraram em abundância o que mais desejavam,
isto é, terra. Encontraram, ainda, a vida em liberdade e distante da submissão
senhoral imposta pelos estrangeiros que na época haviam invadido a Polônia.
Entre as diversas dificuldades, os poloneses se defrontavam
com a barreira da língua, a aparente hostilidade do mundo exterior, a natureza
e os costumes. Havia, portanto, apenas uma maneira pela qual poderia se
amenizar tal sofrimento: a união e a unidade. O espírito comunitário foi,
então, despertado. Foram criados centros onde podiam-se reunir e encontrar
forças para a luta diária e para o enfrentamento do cotidiano.
Dessas reuniões, surgiram igrejas, escolas e sociedades, que
sustentariam a sobrevivência da identidade cultural, formando uma sociedade
fundamentada em valores cristãos que caracterizam a comunidade polonesa.
Porém, nas suas dificuldades, nos anos 30, com os decretos
nacionalistas que atingiam em cheio as comunidades polonesas, elas haveriam de
passar por um pequeno processo de desintegração. Inicia-se um processo
gradativo de esquecimento dos valores culturais, das tradições e, sobretudo, da
língua polonesa, essa impedida de ser ensinada aos seus descendentes.
Após a 2ª Guerra Mundial, tendo a Polônia passado por um
domínio político da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, as comunidades
polonesas, em outras terras, são totalmente esquecidas. Não existia mais uma
política de considerar os imigrantes como parte da nação para qual haviam
imigrado.
Mas, como tudo na vida, os tempos mudam.
Após a queda do comunismo, a Polônia ganha sua independência
com eleições livres para o Congresso Nacional em 1989. Muda, também, a política
em relação aos imigrantes. Esses e seus descendentes, sentindo a mudança,
respondem aos desafios da nova situação.
Começam a tornar-se realidade as idéias surgidas há algumas
décadas, de se fundar organizações representativas de toda a etnia polonesa
que, aqui no Brasil, haveria de ter um incremento, ganhando força, sobretudo
quando da visita do Papa João Paulo II à Nação brasileira e, em especial, a
Porto Alegre.
Aqui temos um exemplo vivo, com a presença pujante,
Presidente, da Sociedade Polônia, que se antecipou a todo esse quadro, que
madrugou na formulação dessa nova realidade e que, agora, apoiada por uma
atuante representação diplomática da Polônia no território brasileiro, consegue
colimar os seus objetivos num clima de maior facilidade.
Os poloneses, com seu trabalho e tenacidade, colaboraram sempre
no progresso das regiões onde se instalaram. Com fidelidade às suas tradições e
à herança cultural da antiga pátria, enriqueceram a nova sociedade com a qual
se integravam. Não se pode passar indiferente diante de todos esses fatos.
Aqui no Rio Grande do Sul, é significativa a contribuição à
vida brasileira dos imigrantes poloneses aqui chegados desde o final do século
XIX, a partir de 1875. Aqui, os imigrantes poloneses chegaram em maior número a
partir de 1890, embora existam, pelo menos, dois registros históricos
anteriores: um deles, em 1877, refere-se a 400 pessoas identificadas como
russas, porque portavam passaporte daquele país, à época, dominador do
território da Polônia; o segundo, em 1875, considerado o marco da imigração
polonesa, no Rio Grande do Sul, marca na colônia de Conde d’Eu, hoje, Município
de Garibaldi, com pessoas que possuíam passaportes prussianos. Concluo, Sr.
Presidente, para dizer que se calcula que tenham chegado pelo menos 100 mil
poloneses no Brasil naquele período. Atualmente, o Brasil, ao lado da França,
ocupa destacada colocação em relação ao número de poloneses e descendentes que
aqui residem. Em âmbito mundial, calcula-se que 1 milhão de poloneses estão
fora da Polônia. Destaca-se, atualmente, como grande núcleo concentrador da
imigração polonesa no Rio Grande do Sul, o Município de Dom Feliciano, cuja
população é de 13.250 habitantes, predominando os descendentes poloneses numa
proporção superior a 70%. Essa imensa comunidade, que tem no dia 03 de maio a
Data Nacional da República da Polônia, o Dia da Constituição, que foi
promulgada em 1791 e é considerada a primeira Constituição moderna da Europa. A
Carta Polonesa foi precursora na garantia da pluralidade religiosa e no
respeito aos contratos de trabalho estabelecidos entre os nobres e os
agricultores. O desejo de liberdade, de autonomia política e progresso, fez do
povo polonês um exemplo de luta a ser reverenciado e respeitado. Pois, ao longo
da sua história, o espírito de 03 de maio tem, inclusive, permeado as relações
bilaterais entre o Brasil e a Polônia. O Brasil foi o primeiro país da América
Latina a reconhecer a legitimidade do governo da Polônia independente,
estabelecendo relações diplomáticas em 26 de maio de 1920. Em 1961, essas
relações diplomáticas foram elevadas ao nível das embaixadas. Hoje, existem,
além da embaixada em Brasília, os consulados-gerais de Curitiba, do Rio de
Janeiro e de São Paulo, e três consulados honorários, em Belo Horizonte, em
Erechim, no Rio Grande do Sul, e em Recife. Na América Latina, o Brasil é
destacadamente o primeiro parceiro da Polônia, tanto do ponto de vista político
quanto do ponto de vista econômico. Não bastassem os motivos históricos e
econômicos, o legado cultural do povo polonês às tradições e aos costumes dos
gaúchos está hoje indissoluvelmente ligado ao nosso cotidiano. Assim, considero
de especial relevância a instituição, no âmbito do Município de Porto Alegre,
do dia 11 de novembro como o Dia Nacional da Polônia, data em que os
representantes dessa etnia serão devidamente reconhecidos pela sua importância
na formação cultural e no desenvolvimento de nosso Estado. No âmbito
parlamentar, foi criado no ano 2000, no Congresso Nacional, o Grupo Parlamentar
Brasil-Polônia, fortalecendo ainda mais os laços entre os dois países e
buscando a atuação conjunta dos dois povos na defesa dos seus interesses
comuns.
Sorte temos nós, brasileiros, por terem os poloneses para cá
se dirigido, transformando-se em parceiros de tanto valor.
A saga desse povo, que os senhores representam, que soube
enfrentar a anulação política e econômica do seu país é um exemplo de
resistência a ser proclamado.
A Polônia, que em um tempo perdeu suas terras, nunca perdeu
a sua gente. Ela está aqui, está em seus inúmeros e nobres descendentes, que
trouxeram aos pampas gaúchos uma cultura sólida, costumes a serem seguidos e um
exemplo salutar no sentido de união familiar.
Meus cumprimentos ao Ver. Isaac Ainhorn pela iniciativa e
meus sinceros agradecimentos ao povo polonês, aqui representado, por seu precioso
legado de lutas pela liberdade e por ter impulsionado sobremaneira o
desenvolvimento de nosso País.
Meus cumprimentos a todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib):
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) É um dia importante o dia 11 de novembro, que tem a comunidade
polonesa, em nosso País, de rememorar a sua própria história, a sua luta, a sua
garra, e, reiteradamente, tem-se dito, nesta Casa: a Polônia, os poloneses e
polonesas resistiram bravamente com estoicismo às duas guerras inclementes que
se abateram sobre o povo polonês. A 1ª Guerra Mundial fazendo com que para o nosso
País viessem levas de poloneses; e a 2ª Guerra Mundial, na qual a inclemência
nazi-fascista não dobrou, não arrancou o espírito e a alma de gratidão e de
honorabilidade do povo polonês.
Então, é uma data sagrada para os poloneses e polonesas, e,
diga-se de passagem, vieram para o Brasil, são brasileiros-poloneses, como
alemães-poloneses, italianos-poloneses, judeus-poloneses e, aqui, para o nosso
País, criaram, construíram verdadeiras minirrepúblicas polonesas, que estão aí:
Guarani das Missões, Dom Feliciano e tantos enclaves pelos Municípios do nosso
interior. Estão ali as colônias polonesas, muito afeitas, a primeira cultura do
homem, que é a agricultura, construindo, ajudando o desenvolvimento do nosso
País.
Então, é um momento muito bom, Ver. Isaac Ainhorn, quando a
Casa tem a oportunidade de homenagear esse povo generoso, amigo, cordial,
afável, que, ao lado de outras etnias, constrói essa grande realidade que é o
nosso País.
Outro dia, da tribuna, cobrava a oportunidade que se perdeu,
agora, quando se concedeu o Prêmio Nobel da Paz, e dizia até que o Prêmio Nobel
da Paz perdeu o seu patamar, quando não escolheu o polonês ilustre da Cracóvia,
Karol Wojtyla como Prêmio Nobel da Paz. E dizia, na oportunidade, porque ele é
cidadão de Porto Alegre – concedido aqui, pela iniciativa do Ver. Rubem Thomé,
a quem tivemos a oportunidade de recepcionar – e dizíamos que a Sua Santidade o
Papa João Paulo II, Karol Wojtyla, não podia esperar, ele não pode esperar. Nem
entro no mérito da pessoa que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, mas este ano o
Prêmio Nobel da Paz perdeu a sua legitimidade, porque tinha, sim, por todos os
títulos, razões e fundamentos, de ser concedido ao polonês Karol Wojtyla, pela
sua luta brava, alquebrado pela idade, pela doença. Pastor mundial de décadas
na defesa da paz, ele que traz na alma, no coração as marcas da sua gente, da
luta que enfrentaram os seus antepassados, e ele, inclusive, de duas guerras
mundiais. Então é um momento extremamente, Sr. Presidente, significativo este
em que a Câmara, o povo de Porto Alegre - porque temos reiteradamente tido
quando fala o Vereador, fala o povo -, e quem quer agradecer aos poloneses é o
povo de Porto Alegre, porque integrante ele é do povo de Porto Alegre. Então
uma parte do povo de Porto Alegre quer agradecer ao povo polonês pela sua
contribuição, por todo esse entrelaçamento, essa permeabilidade da etnia, da
raça polonesa com os brasileiros. Hoje nós vamos encontrar essa miscigenação, o
polonês miscigenando-se com as demais etnias e, de resto, com o povo
brasileiro. Então, nós queremos, aqui, saudar, homenagear e dizer da gratidão
da Casa do Povo de Porto Alegre a esta comunidade magnífica e obreira,
lutadora, construtora do País, que é o povo polonês. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Quero saudar, especialmente, o colega Vereador e Líder do PDT,
proponente desta oportunidade, Ver. Isaac Ainhorn. Vossa Excelência nos
oportuniza homenagear, com muita justeza, o povo polonês, aqui, nesta Casa,
portanto, queria referenciar, inicialmente, V. Exa. pela atitude.
Queria, também, saudar todas as autoridades aqui devidamente
já nominadas pela direção dos trabalhos desta Casa e dizer que ao saudar a
Comunidade Polonesa, saúdo, de forma muito especial, a sociedade polonesa, que
eu diria, Ver. Isaac Ainhorn, é como uma embaixada aqui no Rio Grande do Sul,
aqui em Porto Alegre, das lutas do povo da Polônia.
E dizer que quando se faz uma homenagem, deve-se resgatar
uma trajetória, e o povo polonês tem uma bela e extraordinária trajetória de
luta a favor da solidariedade humana e da cidadania.
Neste País, Ver. Isaac Ainhorn, conviveram e convivem
católicos, protestantes, católicos ortodoxos e judeus desde o século XVI, numa
tolerância que permitia a participação de pessoas de cada um desses credos no
governo e na cultura do País. A liberdade que os judeus possuíam na Polônia
pode ser confirmada pela imensa população que vivia naquele território, mais do
que em qualquer outro país europeu. Isso após a inquisição da Espanha e a de
Portugal tê-los exilado e forçado a sua conversão.
E eu começo dizendo isso - pois eu poderia enfatizar vários
eixos, Vereador-Presidente desta Casa -, mas este País, como disse aqui o Ver.
Elói Guimarães, que soube, nos momentos mais difíceis, suportar e combater o
nazi-fascismo que se abateu sobre a humanidade, mas muito especialmente sobre a
Polônia. Pois esse povo que viveu todos esses momentos difíceis, foi capaz de
superá-los na arte, na música, na poesia e foi capaz de manter a alegria.
Então, aqui, estamos a homenageá-lo. Se hoje a Polônia consegue, Ver. Isaac,
chegar ao patamar de democracia que chegou, não foi fácil. Todos nós lembramos
da histórica caminhada dos operários para derrubar o regime stalinista
instalado na Polônia. Foram monumentais mobilizações dos estaleiros, dos
operários, e que fizeram com que um dos seus operários virasse Presidente da
República. História muito viva e muito presente em cada um de nós!
A nossa generosa Porto Alegre, Ver. Ervino, é capaz de ter
uma colônia enorme de italianos, da qual V. Exa. faz parte; é capaz de ter
centenas e dezenas de alemães; é capaz de ter poloneses - esta generosa Cidade,
capital da Província de São Pedro e Capital de todos os gaúchos, que é a nossa
Porto Alegre. Por isso esta Porto Alegre se faz representar nesta Casa por
todas as correntes, por todos os pensamentos, por todos os matizes, porque
assim é o Rio Grande, porque assim é o Brasil.
Dentre os trinta e três Vereadores, há gente de São Paulo,
da Bahia, do Maranhão, este Vereador que é lá do interior de Goiás; há
italianos, há alemães, e nesta Cidade há gente de todos os lugares, porque essa
é a nossa querida e amada Porto Alegre.
Eu poderia, Vereador-Presidente, falar por muito e muito
tempo sobre a Polônia. Não teria nenhuma dificuldade, pela sua grandeza e pela
sua luta histórica. Mas eu poderia dizer que ante tantos traços, meu Presidente
da Sociedade Polonesa, a religiosidade e o nacionalismo são dois traços
marcantes na nossa gente polonesa. Gente polonesa católica, fervorosa. Por
isso, Presidente da Sociedade Polonesa, receba da Bancada do PMDB desta Casa,
composta por este Vereador e pelo Ver. Haroldo de Souza, esta justa homenagem
que o nosso colega lhe proporciona. Quero dizer que, com muita alegria e com
muito gosto, nós que estávamos lá numa outra Comissão – assim como o Ver.
Reginaldo Pujol que aqui esteve e voltou para presidir a outra Comissão, eu
também voltarei à Comissão de Saúde onde estamos tratando de um outro assunto
-, mas não poderia deixar de vir aqui, em nome da nossa Bancada, fazer essa
modesta, mas carinhosa saudação ao povo polonês. Um abraço muito fraterno a
todos os senhores e a todas às senhoras. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): Neste
momento nós teremos a palavra do senhor Ignácio José Kornowski, Presidente da
Sociedade Polônia, que falará em nome dos descendentes poloneses e dos
poloneses que por acaso aqui estejam também.
O SR. IGNÁCIO JOSÉ
KORNOWSKI: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Eu quero iniciar as minhas palavras agradecendo pela
gentileza, pela bondade expressa nas palavras dos nobres Vereadores que me
antecederam, destacando com muito galhardia e com muito carinho a nossa
comunidade, a nossa cultura e os nossos costumes. Muito obrigado aos senhores
Vereadores, recebam a gratidão da Sociedade Polônia e da etnia polonesa.
Comemoramos, hoje, o Dia Nacional da Polônia, que é a
independência da Polônia. Faz-se necessária uma pequena reflexão – por que será
que estamos aqui? O que representa a Polônia para o mundo, para nós que somos
descendentes de poloneses? Esse país que se constituiu nas planícies da
Sarmácia, em 842, não foi conquistado, mas constituído.
Em 966, quando ele aderiu ao catolicismo, passou a integrar
a comunidade internacional de países destacados, tornando-se, assim, comunidade
do mundo. Houve uma evolução grande nas artes, principalmente na
industrialização, e, de 1.250 a 1.300, tornou-se a maior potência da Europa.
É lógico que, com isso, despertou interesses outros também,
principalmente pela fertilidade do seu solo, pelo seu crescimento, pela sua
cultura, onde houve, também, todos aqueles movimentos de esfacelamento, com a
tomada da nacionalidade do território nacional polonês.
Mas, também, os poloneses se destacaram em vários pontos que
acabaram influenciando a humanidade. Acho que não custa ressaltar, Ver. Isaac
Ainhorn, que eu como descendente polonês, orgulho-me muito. Em 1347 foi
promulgada uma lei chamada Estatuto de Wisliça, que era um Estatuto Civil e
Penal, que dava proteção à etnia judaica - essa etnia que era perseguida,
principalmente, na Alemanha e na Espanha. A nação polonesa abraçou-a e
protegeu-a através de uma lei, dando guarida e respeito a essa tão querida
nacionalidade.
Em 1430, outro fato histórico jurídico foi editado, era a Lei
Neminem Captiva-Bimus, determinando que ninguém poderia ser preso ou declarado
réu sem prévio julgamento, o que depois, em 1600 e poucos, veio o habeas corpus. Quer dizer, a Polônia já
se antecipou. Ninguém poderia ser preso, não poderia ser declarado réu sem
prévio julgamento. É uma lei que também influenciou as decisões futuras
jurídicas do mundo. E esse movimento evolutivo, sempre sem discriminação,
aceitando a pluralidade de idéias, e, embora sendo católica, não discriminava
outros credos, a Polônia respeitava os outros credos. Foi-se formando uma
nação, entre muitas lutas - não há dúvida -, entre invasões. E, como Jean
Jacques Rousseau ressaltou - por que a Polônia sobreviveu? Quando, em 1791 foi
editada a primeira Constituição Polonesa, ele precedeu, escrevendo um projeto
para uma Polônia reformulada, em que ele dizia que “a Polônia, dificilmente,
deixaria de existir, porque o seu povo” – aquilo que algum Vereador falou -
“tinha a sua fé, a sua religiosidade e, além disso, a sua nacionalidade, o amor
a sua terra, o amor às suas cores”. Por isso, sempre vestem as cores alegres,
porque o polonês gosta de alegria também, ele gosta de diversão. É um povo que
acolhe a todas as pessoas, mas também tem um grande desejo, e era a sua maior
luta - até hoje, com certeza -, a liberdade. É um povo que não aceita ser
subjugado, é um povo que quer a liberdade. E, influenciado pelo Iluminismo,
principalmente, por Locke, Jacques
Rousseau e Montesquieu, então, em 03 de maio de 1891, promulgou a primeira
Constituição escrita na Europa. Quatro meses depois, em 03 de setembro de 1791,
foi escrita e promulgada a Constituição Francesa. Vejam que a Polônia se
antecipou – por aquelas coisas dos desígnios – e emitiu essa, que seria a
primeira Constituição européia escrita. A primeira, no mundo, é a
norte-americana. Por essa Constituição ela introduzia uma série de
modificações, principalmente dando guarida ao camponês, que era uma classe
desprotegida e muito oprimida, na época. Os grandes poderosos, principalmente
os barões, a burguesia, buscavam os seus interesses em detrimento da classe
pobre. Além disso, o que, hoje, nós temos na organização jurídica, ela formatou
por influência do Montesquieu, os três Poderes. Ou seja, ela promulgou os três
Poderes, que são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. E o Poder
Judiciário, em todas as suas instâncias, assemelha-se ao que nós temos hoje no
Brasil, principalmente, no Rio Grande do Sul. É lógico que foi uma promulgação,
à vista histórica, também para descompressão, para que, talvez, a nação
polonesa não desaparecesse, porque logo em seguida, por ter mexido nas coisas
poderosas, houve um esfacelamento, houve uma pressão maior, uma invasão russa e
de outras nacionalidades, em que, realmente, a Polônia desistiu de existir.
Em 11 de novembro de 1918, foi promulgada a sua
independência, que, novamente, seguiu um caminho traumático. Saindo duma
guerra, com toda a transformação comunista, chegando, praticamente, até os
nossos dias, onde surgem Lech Valessa e o Papa João Paulo II. Realmente, são
duas personalidades que, na modernidade, na globalização, têm uma influência
extraordinária. Um operário simples - que lutava nos estaleiros, fugindo da
polícia -, influenciou uma nação inteira e, a partir dali, desmantelou-se o
comunismo. O Papa João Paulo II, certamente, foi a outra grande influência, por
meio da fé católica. Então, são os dois baluartes, hoje, da modernidade e da
transformação social que houve no mundo. Não resta a menor dúvida.
E é lógico – eu também concordo –, o Prêmio Nobel perdeu a
grande oportunidade de destacar, não pela religiosidade, mas pelo cidadão
internacional que é e pelo o que ele representa para a paz. É o peregrino da
paz; incansavelmente, é o peregrino da paz. O homem, com todos os seus
problemas, pega a sua malinha e vai-se pelo mundo inteiro pregar a paz, o amor
entre as pessoas. Eu acho que houve uma grande perda em não ter-lhe concedido
esse prêmio.
Voltando um pouco ao ano de 1875, quando houve a imigração
de poloneses para o Brasil, inserindo-se numa nova nacionalidade, num novo
País, com novos costumes - bastante agressivos pela falta, ainda, de evolução
econômica do Rio Grande do Sul e do Brasil – no meio das selvas, dos animais
selvagens e das doenças. Mas eles vêm lutando, vêm na esperança de construir um
caminho novo, uma história nova, uma casa nova, onde esperavam encontrar mel em
abundância e fartura, comida; mas, principalmente buscando a liberdade para que
fossem autônomos, livres. É lógico que pagaram caro por isso, porque houve
muitos problemas, muitos morreram, desapareceram, mas lutaram sem se entregar
um segundo.
Quando a gente viaja e vê hoje o resgate da etnia polonesa,
sua história é de encher de orgulho, não porque sou descendente de poloneses,
mas é inserida na história forte do Rio Grande do Sul, dos Farrapos, daquela
história construída pelos gaúchos que tanto se decanta, tanto se fala Brasil
afora com orgulho. E eu digo, Srs. Vereadores, nós, da etnia polonesa, temos
orgulho de pertencer também a essa história, porque, com certeza, muitos poloneses
morreram, lutaram, defenderam para construir este Estado do Rio Grande do Sul,
que tenho orgulho de dizer, de tantas etnias, com tanta identificação bonita,
cultural, construtiva dentro da ciência, dentro da música, dentro do cinema. E
esse é o desafio da etnia polonesa, hoje, com certeza.
Gaúchos, brasileiros, que amamos nossas bandeiras, não
esqueçamos de onde somos descendentes, de onde vem o nosso sangue. E nada nos
impede de cultivar a nossa cultura, de preservarmos aquilo que os nossos antepassados
trouxeram para ser inserido no contexto cultural do Rio Grande do Sul e, com
certeza, com isso o Rio Grande do Sul também estará crescendo pela inserção,
pela qualidade e pela ajuda no desenvolvimento da cultura do Rio Grande do Sul.
Então, Srs. Vereadores, senhores presentes aqui, esse seria o nosso momento
histórico. Agradecemos, mais uma vez, Ver. Isaac Ainhorn por proporcionar essa
data histórica para nós, na qual pode ser destacada a cultura, o feito dos
poloneses no Rio Grande do Sul.
Estamos partindo para mais eventos durante o desenvolver dos
próximos anos e desafiados principalmente pela globalização, pois a Polônia
também está em transformações, há enormes desafios de inserção econômica,
social, cultural. E, nós, certamente, aqui no Rio Grande do Sul, no Brasil,
irmanados com todas as outras etnias, temos um caminho longo a trilhar e a
construir juntos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib):
Neste momento, como se fora um passe de mágica, vamos viver alguns instantes da
própria Polônia. Dois jovens pertencentes ao grupo folclórico da Polônia,
Maurício da Silva e Bárbara Fernandes, apresentarão música e danças polonesas.
Bem-vindos!
(Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)
Eu fiz aqui uma pesquisa, e a Bárbara tem, nos seus meios
familiares, um Babinski, mas do Maurício eu não achei nenhum “Silvoviski”. Mas,
de qualquer forma, ambos interpretaram muito bem a dança polonesa.
Neste momento cabe-me agradecer a presença de todos e de
cada um, e especialmente das autoridades que compuseram a Mesa. Quero
cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn pela lembrança desta data tão importante e
convidar a todos para ouvirem o Hino Rio-Grandense, mais uma vez agradecendo a
presença de todos. Saúde e paz!
(Ouve-se o Hino Rio-Grandense, executado pela Fanfarra do
Comando Militar do Sul, sob a regência do Sargento Sílvio.)
Está encerrada a Sessão. Mais uma vez obrigado a todos.
(Encerra-se
a Sessão às 16h36min.)
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